O que são Valores?
Princípios gerais que governam a nossa vida no dia a dia, condicionando o nosso comportamento, as nossas atitudes e relacionamentos.
Antes de tudo é preciso pensar sobre eles e intencional e conscientemente adotá-los como lemas de vida. Depois, deveremos explorar caminhos para conseguirmos viver, cultivar e transmitir esses mesmos princípios em nós, e nos que de nós dependem em prol de uma convivência sã em família e em sociedade.
Assim, que lugar damos à coerência na vivência desses valores? Será que, muitas vezes, somos mais exemplo daquele ditado “olha para o que eu digo e não para o que eu faço” do que gostaríamos?
Comecemos pela nossa atitude de cidadania pois aí encontraremos a nossa posição de liberdade, justiça e paz, no espírito de comunhão com o outro. Essa é a mais-valia do ser humano, na medida em que se realiza na plenitude da sua vivência afetiva, espiritual e social na partilha de desafios, de momentos de conquista e celebração num espírito de verdadeira união.
Contudo, muitas vezes andamos distraídos do que é essencial!
Quantas vezes nos interrogamos se há DEUS! Quantas vezes consideramos o deus dinheiro algo maior que nos guia e nos faz levantar e trabalhar todos os dias? Será esse o caminho que pretendemos quando usamos o ídolo dinheiro como valor essencial que servirá de medida a todos os outros valores?
Citando Padre Anselmo Borges:
“é cada vez mais urgente o diálogo inter-religioso, como desde há anos não se cansa de sublinhar o célebre teólogo Hans Küng, autor principal da “Declaração para uma Ética Mundial”, aprovada pelo Parlamento Mundial das Religiões em Chicago, em 1993: “Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos globais. Não haverá sobrevivência do nosso planeta sem um ethos global, um ethos mundial.”
Os valores que a nossa família nos transmitiu através das suas vivências do dia a dia, são normalmente aqueles nos quais melhor nos revemos. Aí crescemos e livremente os adotamos, ou não. É no seio da família que nos devemos esforçar por transmitir os princípios que nos orientam e nos tornam cidadãos com determinado perfil, por exemplo, pessoa religiosa com determinada caminhada. É através destes valores que conseguiremos atingir a ética e a coerência que nos permitirá sentirmo-nos bem connosco próprios, bem como nos apresentamos e relacionamos com a sociedade.
Enumerar os nossos valores conscientemente e refletir em silêncio sobre o que de facto fazemos numa atitude de melhoria constante para connosco são essenciais para sermos, para quem nos rodeia, verdadeiros exemplos de coerência. Só assim poderemos transmitir aos outros a nossa ética, através das nossas ações e atitudes, como alguém que se sente feliz e que, apesar das suas fragilidades, conhece e procura sempre agir de acordo com os seus valores.
Portanto, adotamos os valores mas com base nas vivências que vamos tendo, pela positiva (quando resultam de uma experiência que nos trouxe gratificação, pela vontade que se renove) ou pela negativa (quando advém de uma privação que passámos e não ansiámos que se repita), de certo modo são-nos transmitidos. Primeiro pela família, depois pelos professores e colegas, finalmente pelas relações mais próximas que se tornam nova família, e enriquecem o nosso código de valores com uma nova perspetiva.
Para vivermos segundo um código de conduta e valores é preciso cultivar a meditação, parar para se interrogar, e até debater com os outros.
Por mim, confesso que o objetivo em mente é ter o privilégio de ser lembrado como alguém coerente com os seus princípios que contagiava tudo e todos para o bem comum, bem como a preocupação constante em servir o próximo, com Amor, lembrando assim a oração de São Francisco.